domingo, 6 de novembro de 2011

Da Saga Mulheres Importantes : Um pouco mais sobre Olivia Guedes Penteado

D. Olívia Guedes Penteado nasceu em Campinas, no Largo da Matriz Velha, em 12 de março de 1872. Era filha dos Barões de Pìrapitingüy, José Guedes de Souza, poderoso fazendeiro de café no Município de Mogi-Mirim, e de Dona Carolina Leopoldina de Almeida e Souza. Dona Olívia passou a infância na propriedade paterna, na Fazenda da Barra, em Mogi-Mirim, tendo estudado em casa com professores particulares e, durante algum tempo, no Colégio Bojanas. Aos desesseis anos, já em São Paulo, casou-se com seu primo, Ignácio Penteado, que acabara de regressar da Europa, onde permanecera por vários anos em viagens de lazer e estudo.


Em 1898, um requintado jantar foi oferecido para inalgurar a nova e refinada residência do casal na rua Duque de Caxias (atual avenida), esquina com Conselheiro Nébias, no elegante bairro de Campos Elíseos (o palacete foi demolido em 1947, para a ampliação da av. Duque de Caxias, promovida prefeito Prestes Maia, no terreno ergueu-se o portentoso edifício do Hotel Comodoro, um dos marcos da verticalização da metrópole paulistana.).

Eclético, cujas linhas basearam-se no Risorgimento italiano, o palacete foi projetado por Ramos de Azevedo. Nas obras que se iniciaram em 1895, foram empregados materiais importados, especialmente da Itália, de onde também trouxeram a austera cúpula que arrematava o corpo semi-hexagonal voltado para a confluência das citadas ruas. Segundo a historiadora Dra. Maria Cecília Naclério Homem, Yan de Almeida Prado comparava-o ao Palácio Pallavicini de Gênova, pois fora construído no alinhamento das vias; ou seja, sem jardins fronteiriços.
Olívia Penteado recebia convidados às terças-feiras em saraus em que tocava harpa. Após o falecimento de seu marido, em 1913, também dá início a recepções em sua residência de Paris, onde recebia brasileiros, artistas, intelectuais e diplomatas franceses.
Em fevereiro de 1922, D. Olívia morava em Paris, e foi lá que conheceu Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Villa-Lobos entre outros, que viajaram para aquela cidade logo após a Semana de Arte Moderna. No seu retorno a São Paulo em 1923, D. Olívia trazia consigo obras de Picasso, Foujita, Léger, Marie Laurencin, e passou a ocupar posição central no ambiente cultural de São Paulo.

Era conhecida como a "madrinha dos artistas", a "protetora das artes", a "mãe dos paulistas" e recebeu dos modernistas o carinhoso apelido de "Nossa Senhora do Brasil".

Para acolher os seus amigos modernistas Dona Olívia criou, em 1925, um ambiente especial ,"A Galeria de Arte Moderna", chamando Warchavchik para projetá-la e Lasar Segall para pintá-la. A galeria, conhecida como "pavilhão modernista" era decorada com móveis e objetos modernos, e quadros de Picasso, Leger, Tarsila, e esculturas de Brancusi e Brecheret. Lá os artistas e intelectuais se reuniam, eram acolhidos e apresentavam suas poesias, suas músicas e seus projetos.

A proteção de Dona Olívia estendia-se também a outros setores: social, no qual apoiava a Cruzada Pró-Infância; econômico, onde incentivava a compra de produtos nacionais para a sua fazenda (mesmo que custassem mais caro), e político, articulando e patrocinando a candidatura de Carlota Pereira de Queiroz, a primeira mulher brasileira a ser deputada federal.

Dona Olívia ingressou no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo no dia 6 de maio de 1932, poucos dias antes de eclodir a Revolução Constitucionalista, na qual participou ativamente.

Morreu de apendicite no dia 9 de junho de 1934, na cidade de São Paulo, e foi sepultada no Cemitério da Consolação, sendo seu túmulo ornamentado com a escultura intitulada O Sepultamento, feita por Victor Brecheret.



Bibliografia:


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