quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Construtivismo Russo



O Construtivismo Russo teve sua origem na Rússia no ano de 1919 difundida da revolução vermelha decorrida em 1918, foi um vanguarda estética-politica, que misturava o idealismo socialista à pintura e a arquitetura traduzindo a aclamação pelo novo governo em quadros e nas edificações estatais.
O construtivismo nega uma arte pura, e tenta negar que ela é uma criação humana, a nova arte devia ser inspirada nas conquistas do povo operário abrangendo as novidades que as maquinas e a industrialização traziam. Na arquitetura procurava usar formas geométricas puras e cores primárias.
Os arquitetos construtivistas se valiam da idéia de um novo mundo para projetar e refletir no seu projeto os ideais desse mundo novo, sempre servindo ao povo e ao estado. Procuravam projetar coisas úteis, o seu ideal era que a arte e a arquitetura fossem unificadas com a sociedade criando uma nova arquitetura chamada de “arquitetura prática”, que não seria nem superior nem inferias as outras, mas que todas teriam a mesma validade, mas uma característica adotada do socialismo, a igualdade entre as coisas e o seres. A arquitetura devia servir a massa e ao estado enquanto cumpre seu papel, devia ser um modelo social.

No ano de 1920, considerando um dos mais significativo para o movimento, foi formado o primeiro grupo construtivista, que põe a prova toda forma de arte que não seja útil para o movimento e surge o Instituto de Cultura Artística (Inkhuk) e os Ateliês Técnico-artísticos Superiores (Vkutemas), dando o ponta-pé inicial para que o movimento saísse do papel. A principal influencia do movimento foi o futurismo italiano.
Os projetos assumiam a idéia da nova sociedade socialista, enfatizada no fervor revolucionário das massas operarias. A idéia de coletivização predominava, a urgência de adaptação das cidades à nova ordem política dava aos arquitetos uma frente maior e mais espaço para desenvolver a parte mais expressiva do Construtivismo Russo: a edificação. A euforia e motivação para as construções eram grandes.
A arquitetura foi uma das formas mais importantes de comunicação do estado, era uma forma de arte que estava nas ruas ao alcance do povo. Embora muitos projetos nem tenham saído do papel apenas a sua contemplação davam alegria ao povo. Era usada como veiculo de transformação da terra, era usada para regular as estruturas da convivência humana. Foram tomadas medidas como a nacionalização da terra, a expropriação dos grandes edifícios os tornando públicos, o estado usa a arquitetura para mostrar a massa operaria que estava tomando medidas.
Os arquitetos construtivistas se baseiam em diversos estudos e exercícios para iniciar o projeto, testam novos matérias. Partem da analise de maquinas, da composição e complexidade das formas, do estudo entre a harmonia das cores e das linhas, da intersecção dos planos, superfícies e volumes. Analisando o contexto da época vemos que a maquina é a principal fonte de inspiração, ela que motiva a revolução e logo a nova arquitetura do novo estado. Ela integra a criação à reprodução técnica e industrial das formas ou seja possibilita o funcionalismo, um dos principais pilares da arquitetura construtivista.

A cor era um dos principais artifícios da arquitetura construtivista, os arquitetos consideravam que o tratamento dos matérias naturais podia enriquecer as superfícies da obra. As cores deviam combinar não somente entre si mas também com os conceitos arquitetônicos empregados. A composição de diversos materiais como o concreto, o vidro e o aço criavam novas ferramentas para a composição de expressão formais proporcionado à criação de novos ritmos e harmonias. Os arquitetos experimentavam as cores, misturavam-nas, analisavam-nas, novas escalas eram criadas. Chegaram à conclusão que cores como o marrom escuro,o vermelho escuro, o cinza e o preto podem deixar o edifício com um ar de pesado e sujo, enquanto cores como o verde, o amarelo, azul-céu e algumas outras cores claras proporcionam a impressão monumentalidade e de glorificação.

A forma mais simples que encontramos para definir Construtivismo Russo foram os estudos do arquiteto, também russo, Chernikhov. Segundo o estudioso essa vanguarda trata-se da união de corpos dos mais diversos tipos e formas, sejam eles fluidos ou rígidos. A segunda característica é o enroscamento dos corpos, como se fossem oriundos de uma maquina, ou como se fossem peças de uma maquina.Os elementos se juntam sem modificar seus volumes, formando diversas formas.

Imagens: Retiradas do livro Deconstruction Omnibus Volume, pág. 51
Fonte: http://urssconstrutivismo.blogspot.com/
As leis que regiam o construtivismo era dividas em 10:
A primeira lei: as coisas que são unificadas tem que estar na base dos princípios construtivos, sendo imateriais ou não. Elas tem que estar sempre de modo que o cérebro a grave a primeira vista.
Segunda lei: A construção só se torna efetiva quando pode ser racionalmente justificada.
Terceira lei:os elementos tem que estar unidos de modo harmônico, para que possa haver a combinação inteiramente construtiva.
Quarta lei: Os elementos só darão forma à construção se tiverem em conjunto, ou alojados, eles precisam mostrar que estão ativos na união.
Quinta lei: A construção tem que ter um efeito sentido ou seja a apropriação de todas as formas tem que seguir a mesma ideologia e traduzir o sentido da obra.
Sexta lei: Cada nova construção é resultado da investigação humana, e a obra tem que ser inventiva e criativa.
Sétima lei: A construção tem que ser bonita e aperfeiçoada constantemente para que fique como contribuição para as culturas futuras.
Oitava lei: A coesão dos elementos da obra refletem a concordância e a idéia de coletivismo entre a humanidade.
Nona lei:Cada nova idéia construtiva deve seguir fielmente as bases do construtivismo, o idealizador deve ter conhecimento absoluto dos processos pelos quais o projeto irá passar.
Décima lei: Antes de ser executada a obra deve passar pelos critérios anteriores e atingir o desenvolvimento que é necessário e possível.
O arquiteto precisa ter para seu projeto a necessidade de usar as bases e assim firmas a sua obra no partido do construtivismo.

Os principais grupos que fizeram parte do construtivismo foram:
Asnova- Associação de Novos Arquitetos – Surgiu em 1923, procuravam a forma da construção dentro da estética cientifica que traduzissem as aspirações do novo estado.
Vkhutemas - Ateliers Superiores de Arte e Técnica – Surgido em 1920, foi o grupo que mais fez testes e exercícios usando as formas puras, o crescimento e a diminuição da forma dinâmica.
OSA - União de Arquitetos Contemporâneos – Surgiu em 1925, com o socialismo em crise, após a morte de Lênin. Lançaram a primeira revista dedicada à incorporação de métodos científicos a pratica arquitetônica a Sovremennaya Arkhitekutra. Esse grupo foi atacado por um grupo Pro - Stalin conhecido com VOPRA (Associação dos Arquitetos Proletários – URSS), que condenava o grupo por acharem que seus projetos não seguiam as regras do construtivismo.

MAO (Moskovskoe Arjitekturnoe Obshchesvo): Colégio de Arquitetos de Moscou.
Ilia Golosov: . Comissão de Pintura, Escultura e Arquitetura: embasados nas artes de esquerda, usavam a iconografia simbólica que expressava os novos programas.
Principais arquitetos:
Zodchij,Ivan Fomin,Boris Koroliov,Alexandr Rodchenko,Alexandr Vesnin,Iakov Chernijov, Moiséi Iakovlevich,Ivan Leonidov,El Lissitzky,Konstantin Melnikov,Alexandr Rodchenko,Vladímir Tatlin,Alexandr Vesnin.
Apos a crise do socialismo e a morte e Lênin, em 1931 Stalin assume o governo e começa a perseguir os construtivistas, com acusações de inventarem uma forma de arte e arquitetura sem propósito, com a intenção de acabar com as idéias da revolução, de ir contra o moderno e preservar o clássico. Após o começo da Guerra Fria Stalin começou um processo de apagamento das origens e diretrizes do construtivismo, pois o ditador achava que além do clássico elas remetiam ao ocidente também. O construtivismo Deixou raízes e serviu de influencia para as vanguardas que surgiriam posteriormente como a Bauhaus alemã e o neoplasticismo holandês.


Principais Obras:
Monumento à III Internacional: Construída por Tatlin, é uma gigante espiral de aço constituída por três cômodos de formas diferentes: uma forma cilíndrica, uma pirâmide e uma forma cúbica envidraçados e informativos. Eles giram entre si em tempos diferentes, o cilindro demora um dia para a rotação completa, a pirâmide um mês e o cubo um ano.


Torre de radio em Moscou: de Vladimir Shujov, foi projetada para ter 150 metros de altura e era feita de cinco hipérboles superpostas. A estrutura poderia se executada sem a necessidade de andaimes. Essa torre era associada à beleza e expressividade do monumento de Tatlin.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Arquitectura e visão do individuo : as visões de Mackintosh e Le Corbusier

Achei um artigo sobre a relação entre a arquitectura de Mackintosh, a arquitectura de Le Corbusier, e a visão que cada um tinha do ser humano. O artigo se baseia numa distinção de Elias entre o homo clausus e os homines aperti. O homo clausus seria a incarnação do individuo, do sujeito cartesiano, centrado na sua própria reflexão. Essa seria a visão que tem Le Corbusier. De outro lado, Mackintosh seria influenciado por uma visão dos homines aperti, quer dizer que sua arquitectura da muito mais importância ao ser humano como parte de uma sociedade. Nessa visão, a arquitectura tem um papel central : o de condicionar as interações entre os individuos.

Desculpem, o artigo esta em ingles, mas acho que vale a pena fazer o esforço de ler se você tem interesse no enlace entre arquitectura e sociologia. Vocês podem ler o artigo completo aqui. Algumas citações, por fim...

" The architecture and, to some extent, explicit beliefs of Le Corbusier seem to embody the assumption of homo clausu.s. Le Corbusier is perhaps best known for his design of the apartment building. Unite d'Habitation (built 1949-52, Marseille) which has become his trademark. Built from concrete and comprising twelve floors of self-contained apartments alongside amenities such as a laundry, children's nursery and shops, this apartment block conveys Le Corbusier's assumption that the individual is the starting point of knowledge. Social interaction functions as a means to an end (such as shopping simply to purchase food) rather than as a social activity which has the potential to inform and influence our and others' identities. The homo clausus that Le Corbusier conceived to fill these modular, concrete apartments is a prominent figure in his work."


" In contrast to homo clausus, Elias offers an alternative notion, homines aperti - 'open people', which represents the recognition that human beings are interdependent with other human beings from the moment of birth, and that they are formed in mind and body through that social interdependence. By their very nature, they always need other people. Social interaction is, therefore, the key to the development and understanding of the individual as was stressed, before Elias, by the symbolic interactionist tradition from Mead to Goffman. Mackintosh's architectural practice seems to represent this way of thinking. Although he never explicitly outlines a theory of the individual, his work seems to betray a belief in the person as a fluid and changing subject who is influenced by others and in tum influences them and his work encourages and celebrates social interaction. As a consequence, his interiors seem at onee more itituitive, more conducive to social interaction and more tactile than Le Corbusier's social and domestic spaces. Le Corbusier and Mackintosh's work cannot of course be viewed in isolation from the socio-economic, historical and cultural context in which they were coticeived. Le Corbusier was influenced by the post-war need for housing and he formulated his design philosophy on his enthusiasm for new technologies and a desire to use these technologies as a way of standardising architecture. "

" The International Style sought to develop a prototype 'living unit' which could be adopted all over the world regardless of local conditions or building techniques. Le Corbusier famously termed this living unit, 'a machine for living in". Breaking with the past allowed the freedom to invent a new modem lifestyle. The 'machine for living in" was functional, hygienic and efficient in its use of space and building materials. Being based on mathematical proportions, it could also he easily adapted to suit any number of inhabitants. "


" The Chartreuse D'Ema was seen by him as, 'heaven on earth [where he] should like to spend thewhole of [his] life ... in what they call ... cells; it is the solution to the housing problem' (Tzonis, 2001:21). The isolated, meditative individual that is coneeived to inhabit these cells reminds us of Elias's homo clauses and his comments on the Cartesian self Harvey observes that social interaction is seen as superfluous to the formation of the self one of the main goals of Descartes's philosophical efforts was to detach knowledge and the self from the webs of relationships and interaction that make up most of a normal person's life ... this looks like a declaration of independence; everyone has the opportunity to write his own life story without interference from other people or cultural and social obstacles. (Harvey, 2005) "

 " Although Le Corbusier's dedication to purism seems to suggest that nothing, not even the inhabitants of his buildings, should transgress upon his design, his motivation seems to be driven by a strict aesthetic belief rather than an extreme political ideology. This aesthetic does, though, have a detrimental effect on any humanitarian motivation that he may have had. Unlike Mackintosh, who manages to capture the personality and lifestyle of the inhabitant in his commissions, Le Corbusier's admiration of technology makes him rigid in his intended use for his buildings and he is reluctant to hand over any ownership to the inhabitants. "


" Le Corbusier's designing style and we can speculate that the design of interiors ties in with his desire to create a modem man. Mackintosh's designs, in contrast, seem to respect and encourage individuals and social groups to use their space in accordance with their own needs, taste and lifestyle. "
     
" So what are the practical consequences of buildings for the people within them and for wider society? And should architects bear in mind some notion of responsibility when conceiving their designs? Although these questions contribute to a mueh wider debate than can be covered here, it does seem, that when designs can have such a far-reaching effect on society as demonstrated and well documented by failed housing projects, it would be both unrealistic and irresponsible for architects
not to take needs of users into account. Spiro Kostoff (2005) has remarked that one failure of the Modem Movement of the early twentieth century was just this - to avoid consulting users of housing. He points out that it was the architect who was deemed qualified to make these decisions. It is interesting to note that the architect of the twentieth century is perceived as being justified in making
decisions on behalf of the masses because of an assumed higher intellect. Le Corbusier certainly fits into this powerful role, viewing his designs as instruments of his intelligent vision for a more ordered and effective society. "

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Le Corbusier no Brasil.

Em 1929 Le Corbusier fez sua primeira visita a cidade do Rio e de São Paulo, durante uma viagem à América do Sul iniciada por Buenos Aires.
Em São Paulo, acabou tento contato com arquitetos que já praticavam o ‘moderno’, como Gregorio Warchavchik, que acabara de construir a primeira ‘casa modernista”, mas também Rino Levi e Flávio de Carvalho.

Em São Paulo, se ateve a observar e descrever os problemas de circulação :
''Ao desembarcar (...) em São Paulo e vendo na parede do gabinete do Prefeito essa imagem de ruas emaranhadas, que algumas vezes passam umas sobre as outras e medindo o imenso diâmetro da cidade, pude declarar: ' Os senhores enfrentam uma crise de circulação, não é possível fazer escoar rapidamente o trânsito numa cidade que tem 45 quilômetros de diâmetro, cujas ruas mais parecem dédalos e estão sempre entupidas'.''

Foi no Rio de Janeiro que Le Corbusier obteve uma presença mais atuante, concebeu um plano de ocupação urbana para a cidade, conciliando o traçado geográficos da Cidade Maravilhosa junto com os meios de circulação dos automóveis, projetando assim, um grupo de auto-estradas que contornariam todos os acidentes geográficos da cidade desde o Pão de Açúcar até Niterói.



''Aqui, urbanizar é o mesmo que pretender encher o tonel das Danaides! Tudo seria absorvido por esta paisagem violenta e sublime. Ao homem só resta inclinar-se e explorar hotéis de turismo. Rio? É uma cidade de vilegiatura.''


A segunda vez que veio para o Brasil, foi em 1936, quando foi convidado por Gustavo Capanema Filho para ministrar um curso de dois ou três meses na Escola de Belas-Artes e dar consultoria para o projeto do Ministério da Educação e Saúde, para um grupo de arquitetos que tentavam incorporar os preceitos racionais de Le Corbusier, como o uso de pilotis, quebra-sóis nas fachadas mais ensolaradas entre outros. Durante sua estada de cinco semanas, Le Corbusier, orientou os arquitetos brasileiros, entre eles, a Lúcio Costa, Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira, Ernani Vasconcelos e o então pouco conhecido Oscar Niemeyer duas series de planos para a sede do ministério e produziu um plano para a cidade universitária do Rio de Janeiro.
Além do projeto do Ministério, também tem influencias sobre o Projetos de Affonso Eduardo Reidy para o Pedregulho, em 1947, e os de Jorge Moreira para a Cidade Universitária, em 1949.

Após a viagem de 1936, Le Corbusier foi convidado para trabalhar no projeto das Nações Unidas (1947), junto com arquitetos brasileiros, reencontrando Oscar Niemeyer.
Le Corbusier chegou a ser consultado sobre uma possível participação na construção de Brasília, entretanto, foi impedido pela Ordem dos Arquitetos Franceses de participar da construção. Apesar de não poder participar pessoalmente na elaboração da capital, Lucio Costa e Niemeyer esboçaram um plano urbanístico e projetaram edifícios que levavam as idéias de Le Corbusier.

Em 1962,fez sua terceira e ultima viagem ao Brasil, e escreve na seguinte carta, sua ultima impressão do país e de Brasília, quando viu finalizada.

"Brasília esta construída. Eu vi a nova cidade. É grandiosa em sua invenção, coragem e otimismo; ela nos fala desde o coração. É obra de dois grandes amigos e, através dos anos, companheiros de luta: Lucio Costa e Oscar Niemeyer. No mundo moderno Brasília é única. No Rio há o Ministério da Educação e Saúde Pública (1936-1945). Há as obras de Reidy. Há o monumento aos que tombaram na grande guerra. Há muitos outros testemunhos. Minha voz é a de quem viaja através do mundo e da vida. Permitam-me amigos do Brasil, dizer-lhes muito obrigado!" - Ouevre Complète

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Charlotte Perriand [2]

Aproveitando o gancho da Sil, posto o link para um artigo escrito por Silvana Rubino, a própria - para quem, como eu, adorou a discussão sobre a participação da Charlotte na produção feita no atelier do Le Corbusier.

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/08.089/3040

Obra póstuma de FLW

Massaro House - obra póstuma de Frank Lloyd Wright.


Um comprido edifício assemelha-se a um iate, ancorado junto ao maciço rochoso de uma ilha no lago Mahopac, em Nova Iorque, silhueta projectada sobre as águas em longas linhas horizontais; betão, vidro, pedra e cobre formam uma estranha amálgama com a paisagem natural. Assim é a casa Massaro, concluída em 2005 e projectada pelo famoso arquitecto americano Frank Lloyd Wright há mais de 50 anos.
Quando Joe e Barbara Massaro adquiriram o terreno há uns anos atrás verificaram existia um projecto para aquele local destinado ao anterior proprietário que Wright havia feito em 1950. O projecto era parco em informações: apenas alguns desenhos a lápis, entre os quais se incluiam uma planta, um corte e as fachadas; nenhuma indicação construtiva, nenhum pormenor. No entanto, o pouco que viram chegou para os impressionar e convencer a levar a cabo a tarefa irreal de construir a sua casa de acordo com o projecto do mestre.
Para o efeito contrataram o arquitecto Thomas A. Heinz que durante anos estudou e foi responsável por diversas restaurações de obras de Wright e que, a partir dos escassos elementos disponíveis, produziu um projecto completo tanto quanto possível fiel à ideia original. No fundo trata-se de uma variação dos conceitos que presidiram às Usonian Houses e à celebérrima Falling Water, cujas semelhanças são por demais evidentes.
Independentemente das qualidades intrínsecas da casa agora construída e da lição de História que esta "viagem no tempo" proporciona, há outras questões importantes que devem ser lembradas. A mais evidente é a do sentido que faz construir no tempo presente um projecto concebido há 55 anos para um contexto totalmente diferente. É como se, estabelecendo uma perspectiva radical, se construísse agora um templo grego... Só assim se percebe porque é que em vez de uma obra deslumbrante e inovadora como eram invariavelmente as obras de Wright o resultado final pareça patético e anacrónico.
Wright não daria o seu acordo, por certo. Esperemos que não esteja a revolver-se no túmulo...
Fonte:http://obviousmag.org/archives/2007/10/massaro_house_o.html#ixzz1Y8g75jW8

Outubro, de Sergei Einsenstein

Caros, na próxima aula falaremos da arquitetura posterior à Revolução Soviética. Veremos um trecho do filme abaixo, mas vai o link no filme na íntegra para aqueles que, como eu, adoram cinema.
Outubro, de Sergei Einsenstein, filme de 1927.
Enjoy!!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Charlotte Perriand

Como continuação de uma conversa iniciada no post sobre as (maravilhosas) mulheres da Bauhaus, um artigo que escrevi que fala (também) da Charlotte Perriand.
Dois, aliás:
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/04.043/3557

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Mulheres na Bauhaus

Pesquisando na internet sobre a Bauhaus achei esse blog que fala um pouco sobre as mulheres que lá estudavam. É um artigo interessante que mostra como elas viviam e que elas não eram tão diferentes das mulheres que somos hoje.






Guta Stölzl ---------------------------- Anni Albers

















sexta-feira, 9 de setembro de 2011

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Influência de Wright no Brasil: Casa Rio Branco Paranhos



Casa Rio Branco Paranhos, SP, João Batista Vilanova Artigas, 1942-43

[O reflexo decisivo da obra de Wright no Brasil dá-se porém através de João Batista Vilanova Artigas (1915-1984), e sintomaticamente em São Paulo, já que o Rio de Janeiro se consolidara como “território dos corbusianos“ desde a segunda visita do mestre em 1936 e sua participação no projeto do Ministério da Educação e Saúde (1936-42). Em 1942 Artigas realiza em São Paulo pequenas residências, nas quais sua busca por uma compreensão e desenvolvimento do pensamento wrightiano são legíveis. Uma de suas principais preocupações no momento é a honestidade dos materiais, desencadeada, por um lado, por sua própria experiência como projetista e construtor, e por outro pela leitura de textos de Wright ou sobre ele (H.-R. Hitchcock, In the Nature of Materials: The Buildings of Frank Lloyd Wright, 1942). Em 1946 ele viaja ao EUA ao receber bolsa de estudos da Fundação Guggenheim para o MIT, e tem a oportunidade de ver obras de Wright, além de entrar em contato com ex-membros da Bauhaus, recém-imigrados aos EUA. Retornando ao Brasil, projeta nos anos 50 edifícios significativos, dentro do vocabulário “corbusiano“ da Nova Arquitetura Brasileira, porém com características muito distintas, enfatizando com suas lages de cobertura o caráter de “Abrigo“ de seus edifícios. A apreciação de Artigas a Wright distancia-se de formalismos e cópias: trata-se de uma interpretação seletiva e crítica dos princípios orgânicos, inteligentemente inter-relacionados com valores da obra de outros mestres, como a pureza estrutural de Mies van der Rohe, e sob a égide de uma visão socialista. Sua crítica a Wright dá-se no que chama de “dionísico“ na obra deste, e a nível urbanístico, opondo-se veementemente ao caráter bucólico, “medieval“ da visão de Broadacre City. A partir de 1960 a obra de Artigas atinge maturidade e independência de linguagem, e virá a profundamente influenciar toda uma geração de Arquitetos em São Paulo.] (trecho retirado do texto "Caminhos da Arquitetura Moderna no Brasil: a presença de Frank Lloyd Wright", de Nina Nedelykov e Pedro Moreira).



Yumi

Mies na Werkbund


Fachada da habitação


Fachada para o Jardim

Em 1925, A Werkbund Alemã, apoiada pela cidade de Estugarda, começou a planejar uma exposição de construção moderna. Mies foi incumbido da direção artística de toda a exposição. A sua primeira tarefa foi o projeto de uma nova urbanização para habitação, concebida como uma série de edifícios baixos, de forma cúbica, envolvendo e arranjando em socalcos a colina na qual deveriam ser construídos. Um primeiro modelo de barro do esquema mostra uma composição orgânica de pequenos edifícios, separados por terraços comuns. Apesar de muitas revisões, a urbanização apresentada ao público em 1927 como Weissenhofsiedlung conservou muito do projeto original. Devido à pura forma geométrica, às coberturas planas e ao aspecto geral branco, os adversários ridicularizaram-na chamando-lhe “Cidade árabe” e “Quartéis Bolchevistas”.


Planta da Unidade

Mies também compilou a lista de arquitetos convidados a participar no projeto, entre eles representantes internacionais do Neue Bauen, como Walter Gropius, os irmãos Taut, Le Corbusier, Mart Stam e J.J.P. Oud, Hans Scharoun, Ludwig Hilberseimer, Josef Frank e, como convidados de honra, precursores da época moderna, Hans Poelzig e Peter Behrens. O bloco de apartamentos de Mies era o edifício mais proeminente da urbanização, localizado na parte mais alta da colina. Na construção do bloco, comprido e estreito, foi utilizada uma estrutura em aço, independente das paredes divisórias interiores. Cada unidade podia dividir-se em vários tamanhos e as divisórias podiam ser acrescentadas ou retiradas. As paredes foram construídas com blocos de cimento. Entre outras peças concebidas por Mies para um dos apartamentos-modelo, a célebre cadeira “cantilever” tornar-se-ia um clássico do moderno design de mobiliário.


Cadeira MR


Vista interna da habitação

Uma das componentes separadas da exposição da Werkbund – a Exposição de Materiais – teve lugar no centro da cidade e expôs acessórios modernos e mobiliário, assim como eletrodomésticos. Entre várias exposições individuais, projetadas com a colaboradora Lilly Reich, a Sala de Vidro de Mies foi talvez a mais surpreendente. Numa instalação residencial que incluía o foyer de entrada, o jardim de Inverno, a sala de estar, o estúdio e a biblioteca, foi colocado mobiliário simples e convencional encostado às paredes divisórias de vidro colorido a toda a altura – uma novidade. O teto de tecido esticado era iluminado por cima, produzindo um campo luminoso sobre o conjunto. Um elemento adicional era constituído por um compartimento de vidro que continha uma escultura da autoria de Wilhelm Lehmbruck. A combinação de elementos habituais e pouco habituais sugere a concepção de Mies e Reich da promessa de uma nova arquitetura: a combinação de novos matérias, de novas técnicas de construção e de necessidades tradicionais.

Embora a exposição da Werkbund tivesse durado apenas três meses, chamou a atenção de meio milhão de visitantes de todo o mundo e preparou o caminho para a entrada de Mies na cena internacional, como administrador e como pioneiro e teórico da arquitetura vanguardista. A exposição também alimentou os protestos da direita que se tornariam cada vez mais militantes nos anos seguintes.


Esboço a lápis da propriedade


Vista da propriedade

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Theo van Doesburg e o De Stijl

File:Mondrian CompRYB.jpg
Composition with Yellow, Blue and Red by Piet Mondrian
Theo Van Doesburg nasceu no ano de 1883 nos Países Baixos. Após aulas de teatro e canto, decidiu tornar-se artista plástico. Os gastos de suas pinturas eram pagos com as matérias que escrevia para diversas revistas. No início da carreira, seu trabalho era Impressionista. Porém, após ler Rückblicke, de Kandinski, van Doesburg percebe haver nas artes um modo diferente de expressar-se como nunca: a abstração. Em 1915, teve contato com o trabalho de Mondrian, e junto deste, de Bart van der Leck, Anthony Kok, Vilmos Huszar e J.J.P. Oud, fundou a revista De Stijl em 1917, tornando-se esta um movimento. A filosofia artística seguida pelo grupo era o chamado Neoplasticismo. O grupo pregava a utilização de formas puras e cores primárias junto de branco e preto.
File:Theo van Doesburg Counter-CompositionV (1924).jpg
Counter-composition V. -

Theo van Doesburg

No ano de 1922, Theo van Doesburg se mudou para Weimar com o propósito de levar à Bauhaus seu conhecimento. No entanto, o diretor e fundador da Bauhaus, Walter Gropius, não acreditava que Doesburg deveria ser mestre na escola, discordando de seus princípios. Doesburg, então, instalou-se nas proximidades da Bauhaus, iniciando sua própria "escola", ensinando aos estudantes sobre novas idéias do Construtivismo, Dadaísmo e da De Stijl. Por fim, o movimento De Stijl acabou por influenciar os arquitetos e artistas formados pela Bauhaus.
File:RietveldSchroederhuis.jpg

Rietveld Schröeder House - Rietveld


Após a morte de van Doesburg em 1931, o grupo se enfraqueceu. A maioria - porém não todos - dos membros continuaram fiéis às idéis básicas do movimento. A influência na arquitetura continuou forte após 1931, sendo um dos principais influenciados Mies van der Rohe. Entre 1923 e 1924, Rietveld construiu sua "Rietveld Shröder House", o único edifício feito completamente de acordo com os princípios da De Stijl.

sábado, 3 de setembro de 2011

Casa

Este post não está relacionado diretamente a nenhuma das aulas mas se refere a um dos principais usos do arquiteto: criar a casa e criar modos de criar a casa.



Ilustração: Capa para coisas projetada por Frank Lloyd Wright

"Uma casa é só uma pilha de coisas com uma capa por cima. Você pode ver isso quando vai viajar de avião. Você olha pra baixo, e vê que todo mundo tem uma pequena pilha de coisas. Todas as pequenas pilhas de coisas. E quando você sai de casa, você tem que trancá-la. Você não gostaria que alguém entrasse e levasse algumas das suas coisas. Eles sempre levam as coisas boas. Nunca se importam com as coisas com as quais você se importam. Só querem saber das coisas brilhantes. É isso o que a sua casa é: um lugar para guardar as suas coisas enquanto você está fora dela... para adquirir mais coisas.

Às vezes você tem que se mudar, comprar uma casa maior. Por que? Porque não tem mais espaço para as suas coisas. Você já reparou que, quando você entra na casa de outra pessoa, você nunca se sente cem por cento em casa? Sabe por que? Não tem espaço para as suas coisas. As coisas de alguém já estão espalhadas em todos os lugares. E se você for dormir lá, te deixam dormir em um quarto. O quarto não é usado há onze anos. Alguém morreu nele, onze anos atrás. E não tiraram as coisas daquela pessoa de lá. Perto da cama normalmente há uma penteadeira ou criado mudo de alguma espécie, e não tem espaço para as suas coisas nele. As coisas de alguém já estão lá dentro."

George Carlin explicando o conceito de "casa", em algum momento de 1986.
(tradução liberal)