segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Le Corbusier no Brasil.

Em 1929 Le Corbusier fez sua primeira visita a cidade do Rio e de São Paulo, durante uma viagem à América do Sul iniciada por Buenos Aires.
Em São Paulo, acabou tento contato com arquitetos que já praticavam o ‘moderno’, como Gregorio Warchavchik, que acabara de construir a primeira ‘casa modernista”, mas também Rino Levi e Flávio de Carvalho.

Em São Paulo, se ateve a observar e descrever os problemas de circulação :
''Ao desembarcar (...) em São Paulo e vendo na parede do gabinete do Prefeito essa imagem de ruas emaranhadas, que algumas vezes passam umas sobre as outras e medindo o imenso diâmetro da cidade, pude declarar: ' Os senhores enfrentam uma crise de circulação, não é possível fazer escoar rapidamente o trânsito numa cidade que tem 45 quilômetros de diâmetro, cujas ruas mais parecem dédalos e estão sempre entupidas'.''

Foi no Rio de Janeiro que Le Corbusier obteve uma presença mais atuante, concebeu um plano de ocupação urbana para a cidade, conciliando o traçado geográficos da Cidade Maravilhosa junto com os meios de circulação dos automóveis, projetando assim, um grupo de auto-estradas que contornariam todos os acidentes geográficos da cidade desde o Pão de Açúcar até Niterói.



''Aqui, urbanizar é o mesmo que pretender encher o tonel das Danaides! Tudo seria absorvido por esta paisagem violenta e sublime. Ao homem só resta inclinar-se e explorar hotéis de turismo. Rio? É uma cidade de vilegiatura.''


A segunda vez que veio para o Brasil, foi em 1936, quando foi convidado por Gustavo Capanema Filho para ministrar um curso de dois ou três meses na Escola de Belas-Artes e dar consultoria para o projeto do Ministério da Educação e Saúde, para um grupo de arquitetos que tentavam incorporar os preceitos racionais de Le Corbusier, como o uso de pilotis, quebra-sóis nas fachadas mais ensolaradas entre outros. Durante sua estada de cinco semanas, Le Corbusier, orientou os arquitetos brasileiros, entre eles, a Lúcio Costa, Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira, Ernani Vasconcelos e o então pouco conhecido Oscar Niemeyer duas series de planos para a sede do ministério e produziu um plano para a cidade universitária do Rio de Janeiro.
Além do projeto do Ministério, também tem influencias sobre o Projetos de Affonso Eduardo Reidy para o Pedregulho, em 1947, e os de Jorge Moreira para a Cidade Universitária, em 1949.

Após a viagem de 1936, Le Corbusier foi convidado para trabalhar no projeto das Nações Unidas (1947), junto com arquitetos brasileiros, reencontrando Oscar Niemeyer.
Le Corbusier chegou a ser consultado sobre uma possível participação na construção de Brasília, entretanto, foi impedido pela Ordem dos Arquitetos Franceses de participar da construção. Apesar de não poder participar pessoalmente na elaboração da capital, Lucio Costa e Niemeyer esboçaram um plano urbanístico e projetaram edifícios que levavam as idéias de Le Corbusier.

Em 1962,fez sua terceira e ultima viagem ao Brasil, e escreve na seguinte carta, sua ultima impressão do país e de Brasília, quando viu finalizada.

"Brasília esta construída. Eu vi a nova cidade. É grandiosa em sua invenção, coragem e otimismo; ela nos fala desde o coração. É obra de dois grandes amigos e, através dos anos, companheiros de luta: Lucio Costa e Oscar Niemeyer. No mundo moderno Brasília é única. No Rio há o Ministério da Educação e Saúde Pública (1936-1945). Há as obras de Reidy. Há o monumento aos que tombaram na grande guerra. Há muitos outros testemunhos. Minha voz é a de quem viaja através do mundo e da vida. Permitam-me amigos do Brasil, dizer-lhes muito obrigado!" - Ouevre Complète

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